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Apresentação de Comunicações Orais 1

Grécia, cultura grega e suas conexões e mobilidades no tempo e no espaço  

17 de Outubro, Quinta, das 13:30 às 18:00

Local: S-214
Coordenação: Prof. Dr. Fábio Morales - UFSC

1) AS COMÉDIAS DE ARISTÓFANES: DIÁLOGOS HISTÓRICOS E ESTÉTICOS  

Elisana De Carli  UFSC

Resumo: Uma das grandes marcas das comédias de Aristófanes é seu viés político, sua observação sobre as questões cotidianas da pólis, entendendo política em sua acepção primeira, à referência a todos os assuntos que perpassavam a cidade, das deliberações da Pnix às temáticas do teatro. Assim, através da mimesis cômica, personagens históricos e ficcionais dialogam, ofertando ao leitor atual referências históricas e estéticas, dinâmica que acionava o público espectador da época, formado atenienses e estrangeiros. A partir dessa configuração, o objetivo desta comunicação é apresentar as referências estéticas abordadas nos textos cômicos, as quais perfazem um conjunto de dados históricos sobre o fazer teatral. Ainda que registrada em um texto poético e ficcional, não organizado como um tratado teórico, Aristófanes se revela como um teórico dessa praxis, enaltecendo a força do teatro e do fazer artístico, como lê-se nos versos da comédia Rãs (v.1054), “Às crianças é o mestre-escola que as ensina e aos adultos são os poetas.”

Palavras-chave: Aristófanes, comédia, história, estética, teatro


2) DE ACARNENSES ATÉ PLUTO: REFERÊNCIA DE ARISTÓFANES À SEU ESPECTADOR  

Eric Tomas Pellin – Universidade Federal de Santa Catarina\Pibic


Resumo: Sendo o mais antigo comediógrafo com textos mantidos na íntegra, as onze obras de Aristófanes são retratos privilegiados da produção teatral ateniense de sua época: uma produção cuja dinâmica exigia um domínio de vários conhecimentos por parte do comediógrafo. O entendimento dos contextos históricos-sociais, da estruturação dramática, das práticas cômicas e das qualidades divergentes das traduções são essenciais para pesquisar a relação estabelecida com o espectador antigo. A compreensão do contexto e da estrutura permite a interpretação e a justificação das situações, dos elementos e do desenvolvimento da obra. Utilizando o “primeiro” e o “último” texto do autor que foram preservados na íntegra, será analisado as estratégias de Aristófanes para ativar o público e garantir que este seja comicamente instruído a refletir, classificando essas formas mediante ao recurso utilizado. O comediógrafo utiliza elementos visuais (como figurinos espalhafatosos), paródias de figuras públicas ou obras conhecidas, jogos de palavras (como trocadilhos) e direcionamentos para o público, citando personalidades da pólis. O levante histórico-social da Grécia antiga e da sua produção teatral garantem o entendimento da obra de Aristófanes e revelam o conhecimento amplo que o autor possuía de sua área, remodelando as formas cômicas e utilizando-as em sua própria obra.

Palavras-Chave: Aristófanes; comédia grega antiga; espectador; recursos cômicos.


3) O CONCEITO DE HISTÓRIA NO LIVRO XII DE POLÍBIO: Primeira impressões

Dyel Gedhay da Silva - FURB

Resumo: Políbio de Megalópolis é um dos poucos historiadores antigos conhecidos na contemporaneidade cuja obra permanece, em boa parte, acessível. Tendo vivido num período de grandes mudanças políticas e sociais, o da expansão romana pelo Mediterrâneo no século II a.C., suas concepções semânticas diferenciam-se muito das de seus predecessores: Heródoto e Tucídides. O conceito de história, por sua vez, apresenta características até então novas na historiografia grega. Sendo assim, esta comunicação tem como objetivo apresentar as primeiras impressões de uma pesquisa em andamento acerca do conceito de história do livro XII, um texto dedicado à discussão historiográfica de seu tempo e, talvez, uma das fontes mais privilegiadas sobre este assunto na historiografia antiga.

Palavras-Chave: Políbio; História Antiga; Historiografia Antiga; História dos conceitos; Teoria da História.


4) MERCENÁRIOS E CIDADÃOS: MULTIETNICIDADE, INTEGRAÇÃO E OS EXÉRCITOS DE CARTAGO E DE ROMA A PARTIR DO LIVRO I DE POLÍBIO  

Bruna Vitória Grando Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo: Esta comunicação busca estabelecer uma aproximação entre a composição do exército cartaginês e do exército romano, utilizando o Livro I da obra História Pragmática do historiador grego Políbio (c. 203 a.C. - 120 a.C.) como fonte basilar. Não obstante a oposição exército de mercenários versus exército de cidadãos desenhada pelo historiador e por toda uma historiografia, nosso intento é compreender as forças militares cartaginesas e romanas enquanto possíveis formas de integração na região do Mediterrâneo à época da Primeira Guerra Púnica (264 a.C. - 241 a.C.) e, no caso cartaginês, também da chamada Truceless War (240 a.C. - 238 a.C.).

Palavras-Chave: Cartago; Roma; Políbio; Exército; Integração.


5) O IMPERIALISMO ROMANO: UM ESTUDO SOBRE O CONCEITO E SUAS MANIFESTAÇÕES EM POLÍBIO  

Pâmela Martins, Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo: O colonialismo na modernidade sucedeu o contato entre os europeus e os povos que viviam na África, América e Ásia. Um sistema de exploração baseado nas ideias de colônia e metrópole, que respondia a um problema do próprio capitalismo e precisava de um suporte teórico que justificasse a violência do período e, também, a denunciasse. Desbravadores e missionários rasgavam os continentes e participavam de uma marcha pela interiorização, buscando recursos e criando fronteiras. Tratados são firmados entre as nações europeias, como os que dividiram a América entre os ibéricos ou que fragmentaram a África por interesses econômicos, sem preocupação com as organizações anteriores ao contato. É essa experiência colonial que torna popular o termo imperialismo.

Alguns autores, no entanto, procuraram mostrar a recorrência de características imperialistas tanto na América, antes do contato com os europeus, quanto na Antiguidade, utilizando de maneira recorrente o exemplo do Império Romano. Procuro trazer os principais debates sobre o termo imperialismo e, a partir dos relatos de Políbio sobre as primeiras incursões dos romanos fora da Península Itálica discorrer sobre suas manifestações na Antiguidade. Estas considerações iniciais apresentam ideias para problemas enfrentados pelo próprio campo de História Antiga, afinal: longe de ser motivada pela necessidade de renovação do sistema capitalista, qual o motor da expansão romana? O que explicaria a sujeição de diversos povos ao poderio de um mesmo império?

Palavras-Chave: Imperialismo; Impérios pré-capitalistas; Políbio; Roma; Cartago.


6) A MULHER NAS FACES DE HÉCATE  

Jaqueline da Silva Pontifícia Universidade Católica de Goiás


Resumo: A comunicação explora as características da deusa Hécate, sobre a qual subsistem apenas duas referências: a Theogonia e o Hino Homérico a Demeter. Temos por objetivo explorar suas associações ao universo feminino. A questão e entendida pela literatura contemporânea a partir de suas representações tricéfalas. Esta imagem se associa as três fases da vida de uma mulher correspondendo as faces da deusa a juventude, maturidade e velhice feminina. No Hino Homérico a Demeter a deusa e evocada como nutriz das jovens (Κοραή), elemento que a conecta a terra a lua e ao mundo vegetal. Seu último aspecto e a face sombria da lua, representando a deusa-mãe como deusa da morte ligada a morte e ao renascimento que a relacionava ao contexto dos Mistérios Elêusis.

Palavras-Chave: Hécate; Theogonia; Hino Homérico.


7) O JOVEM HERÓI NA ODISSEIA

Débora Dutra Souza  Pontifícia Católica de Goiás

Resumo: A poesia épica foi o gênero utilizado pelos povos do mundo antigo para transmitir suas tradições de uma geração para outra. O herói homérico, por exemplo, buscava a glória celebrada na poesia épica, se seus feitos heroicos não fossem registrados pelo poeta e lembrados pelos aedos e rapsodos não haveria glória. O herói épico da Odisseia, Odisseu, obtém sua fama como um mestre de estratagemas e inteligência ardilosa. Telêmaco filho de Odisseu, sai em busca de notícias do pai, o jovem não possuía o exemplo que deveria herdar de Odisseu, já que o rei de Ítaca havia partido para o cerco de Troia quando Telêmaco ainda era muito pequeno. Esta pesquisa tem como objetivo a Telemachia, a narrativa tem o foco em Telêmaco, o único jovem em formação ao longo da narrativa. Para alcançar a excelência, o herdeiro de Ítaca, deve desenvolver suas habilidades, ser habilidoso no discurso e capaz de agir em qualquer circunstância, seja na guerra ou em uma assembleia. Telêmaco é um dos exemplos mais importantes para compreender a superação da juventude no pensamento de Homero. A partir do canto XV a assunção da responsabilidade adulta começa a se tornar perceptível e as experiencias descritas na Telemachia são essenciais para essa transformação. A deusa Athena vai prestar auxilio ao jovem e esse auxilio é essencial para o surgimento de um guerreiro, levando o jovem a agir por conta própria oferecendo-lhe conselhos que deveriam ser seguidos pra a compleição de seu processo educativo. Durante a viagem em busca do pai, a idade adulta começa a mostrar-se visível e todos ao redor de Telêmaco percebem essa mudança. As ações de Telêmaco vão contribuir para a restituição do antigo lugar de seu pai no palácio de Ítaca e a afirmação do seu lugar como príncipe de Ítaca.

Palavras-Chave: Telemachia; Telêmaco; Odisseu ; Herói; Glória.

8) PERSÉFONE NO HINO HOMÉRICO A DEMETER: AS TRANSFORMAÇÕES DE VIDA, MORTE E RENASCIMENTO.

Ana Lina Rodrigues de Carvalho - Pontifícia Universidade Católica de Goiás

 

Resumo: A pesquisa tem como objetivo compreender o mito e analisar os processos de perdas e mortes como agentes de transformação para os seres humanos. Os mitos são utilizados pelos seres humanos como uma tentativa de explicar os mistérios da vida e torná-los suportáveis. O humano é marcado pela peculiaridade de possuir e organizar símbolos, segundo Greene e Sharman-Burke “os mitos tem a misteriosa capacidade de conter e transmitir paradoxos, permitindo-nos enxergar, em volta e acima do dilema, o verdadeiro cerne da questão” (p. 9). O Mito pode ajudar no autoconhecimento e no descobrimento da vida, pois ao escutar narrativas mitológicas percebemos que não estamos sozinhos em nossas dificuldades, medos, conflitos e sentimentos. Segundo Ramos (2004), a mitologia surgiu de uma necessidade intrínseca ao homem de responder a pelo menos três perguntas básicas: de onde viemos, para onde vamos e qual o sentido da vida. A autora afirma que essa especulação está sempre permeada por nosso medo da morte e pela curiosidade do que guardaria atrás de si. Definiu-se como objeto desta investigação o Mito de Perséfone, pois simboliza uma tentativa de superação da dor e de abertura para um novo eu interior. Através do mito intentamos mostrar que ele serve como auxílio aos seres humanos para realizarem uma integração em suas próprias vidas, trazendo a ideia do uso dos arquétipos e conceitos Junguianos a fim de explicar as transformações das personagens. Portanto, irei considerar o rapto de Perséfone um agente encorajador e facilitador para o processo que todos passam a caminho da individuação, Jung entendia a individuação como um processo que significava tornar-se um ser único, alcançar uma singularidade profunda, tornando-nos o nosso próprio Si-mesmo (1984).

 

Palavras-Chave: Mito; Perséfone ;Arquétipos; Jung; Individuação; Hino Homérico.


9) HISTÓRIA ANTIGA E USOS DO PASSADO: RESSIGNIFICAÇÃO DA MÚSICA GREGA EM ASSASSIN’S CREED ODYSSEY. Guilherme Alves  -  Acadêmico do curso licenciatura em História pela UNIASSELVI, 6° período; membro do LABEAM (Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais) e aluno de extensão no projeto Paideia – Introdução ao estudo da cultura e do idioma grego antigo em Blumenau (SC) e região do Vale do Itajaí.

Resumo: “No princípio era o ritmo”. A música era um elemento central na cultura helênica. Por isso, em Assassin's Creed Odyssey, que representou a Grécia Antiga durante a Guerra do Peloponeso, várias celeumas, ou "Sea Shanties", aparecem. Todavia, os produtores do jogo optaram por cantar em Grego Moderno canções feitas a partir de fragmentos escritos em Grego Clássico e, posteriormente, transcritos para Grego Bizantino. Este artigo historiciza a questão tentando compreender tais ressignificações.

Palavras-Chave: Celeumas; Música; Sea Shanties; Assassin’s Creed Odyssey; Ressignificação.

Apresentação de Comunicações Orais 2

Tradução, Autoria, Comunicação e linguagem na Antiguidade e no Medievo

17 de Outubro, Quinta, das 13:30 às 18:00

Local: S-109

Coordenação: Profa. Dra. Janira Feliciano Pohlmann

1) TEORIAS E TEMPORALIDADES ATRAVÉS DA PRESENÇA: A LINGUAGEM NA CANTIGA 125 DE SANTA MARIA  

Lucas Gustavo Breve - Mestrando em História pela Universidade Federal de Santa Catarina.


Resumo: A cantiga 125 “Muit é o Maior o Bem Fazer” faz parte de um conjunto de 427 poemas com notações músicas e iluminuras descritivas que compõem as lendas e os milagres de Santa Maria produzidas durante o reinado de Afonso X de Castela na península ibérica do século XIII. Nela é possível identificar as tensões de um contexto de pluralidade religiosa; disputas pelo poder temporal e espiritual; e influências neoplatônicas; elementos que refletem no projeto político centralizador do monarca que através do uso da tradição oral difundiu suas estratégias e conhecimentos produzidos em seu Scriptorium. Com o objetivo de analisar presença dos processos ritualísticos de astromagia e necromancia nas iluminuras da fonte primária, que se distinguem de como são apresentados nos poemas narrativos, este trabalho propõe a hipótese teórica de entender que a estruturas ritualísticas da magia são formas de se experimentar o tempo. Para isto buscamos um dialogo entre as visões de Ulrich Gumbrecht, Martin Heidegger, Reinhart Kosseleck sobre tempo e linguagem a fim de montar uma estrutura que conecte estas categorias através da presença.

Palavras-Chave: Astromagia; Cantiga de Santa Maria; Alegoria; Afonso X; Península Ibérica; Religião; Iluminuras; Tempo; Presença.


2) LITERATURA VERNACULAR E CULTURA CLÁSICA NA PENÍNSULA IBÉRICA

Ricardo Hiroyuki Shibata, UNICENTRO


Resumo: Nesta comunicação, vamos desvelar o problema da apropriação da cultura clássica na Península Ibérica, notadamente, nos reinos de Portugal e de Castela, no período de transição entre a Idade Média e o Humanismo, a partir de uma série de iniciativas de contornos cortesãos e aristocráticos. Em particular, trata-se de examinar as ações de alguns homens de letras do período, que, por meio de traduções, glosas e comentários, indicaram os caminhos para a constituição estratégica de uma literatura de caráter vernacular.

Palavras-Chave: Idade Média; Humanismo; Portugal; Castela; apropriação.

3) FRAGMENTOS DE UNIDADE: O PROJETO ALFREDIANO NA TRADUÇÃO DE BEDA AO INGLÊS ANTIGO E SUA TRANSMISSÃO MANUSCRITA  

Kauê J. Neckel  Mestrando do PPG-História da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul  Bolsista da CAPES

 

Resumo: Como um dos períodos mais ricos da história anglo-saxônica, o reinado de Alfredo, o Grande (871 – 899) se destaca em diversos âmbitos. Estando em um contexto de reformas, o governo de Alfredo ressignifica as produções intelectuais em Inglês Antigo. Não somente na criação de documentos oficiais como a Crônica Anglo-Saxônica, diversas obras clássicas em Latim são traduzidas ao vernacular. Uma destas traduções é a da Ecclesiastica Historia Gentis Anglorum, de autoria do monge Beda, o Venerável (673 – 735) publicada na língua latina em 731. A origem deste documento está dentro do projeto alfrediano que visa contemplar a construção de unidades dos povos Anglo-Saxões no âmbito político, com Alfredo proclamando-se rei dos Anglos e dos Saxões e do cultural, com a criação e tradução de documentos no vernacular. Assim, o objetivo deste trabalho é investigar a trajetória dos seis manuscritos que compõe a versão de Beda em Inglês Antigo e, principalmente, dissertar sobre sua origem e transmissão. Ao investigar isto, lemos como um único documento, envolvido em projeto de unidade, fragmenta-se em manuscritos que possuem trajetórias distintas no decorrer da história.

Palavras-Chave: Beda; Alfredo.

 

4) A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO HOMEM SANTO E DA NOÇÃO DE SANTIDADE NA NARRATIVA DE GILDAS NA BRITANNIA TARDO-ANTIGA (séc. VI d. C.)

Helena Schütz Leite, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Resumo: Ao longo da Antiguidade Tardia é possível perceber o crescimento de um movimento de vida ascético e monástico, principalmente na região do mundo oriental, com os Padres do Deserto. Contudo, tais práticas não estavam isoladas à estas localidades, mas podem ser também encontradas em outros contextos do Mundo Tardo Antigo, ainda que nunca de forma homogênea. Dentro desse universo religioso, encontramos personagens específicos que se desenvolveram no decorrer da Tardo Antiguidade e além: os Homens Santos. Estes seriam indivíduos muitas vezes considerados como exemplares e que deveriam ser observados e imitados, assumindo, portanto, lugar de destaque em boa parte das narrativas cristãs do período. Nesse sentido, esta pesquisa busca realizar uma análise inicial dessa temática na região da Britannia nos séculos V e VI, que também apresenta a presença e participação de indivíduos considerados como santos. Para isto, utilizaremos como fonte principal as obras de um clérigo britânico do século VI conhecido como Gildas, o Sábio. Ao efetuar um exame crítico de seu discurso, busca-se explorar as formas como estes indivíduos adquiriam a santidade e conquistavam uma posição especial de ligação entre o Céu e a Terra, inserido-se também nas relações sociais e de poder da sociedade britânica Tardo Antiga.

Palavras-Chave: Antiguidade Tardia; Homem Santo; Santidade; Britannia; Gildas.

 

5) AS NARRATIVAS NÓRDICAS: O SUBSTRATO HISTÓRICO E LENDÁRIO SEMELHANTE ENTRE A EDDA POÉTICA E A SAGA DOS VOLSSUNGOS A PARTIR DO CICLO DE SIGURD  

Lauro Niehues Carrer - Universidade do Estado de Santa Catarina


Resumo: As narrativas islandesas produzidas no século XII e XIII, são ricas fontes para se entender a cultura nórdica, abrangendo inúmeros conteúdos relevantes para o aprofundamento sobre a Escandinávia, seus povos, culturas e tradições. A Islândia, com sua cristianização, se tornou um grande polo literário na Escandinávia medieval, incorporando tradições orais de mais de nove séculos, sendo seus principais expoentes literários, as sagas e os poemas éddicos. Assim, os substratos históricos e lendários presentes nessas narrativas, são frutos dessa tradição oral, e devido a esse fator, diversas narrativas possuem os mesmos substratos, como o caso das sagas islandesas e da Edda poética. Portanto, essa apresentação objetivará, mostrar as semelhanças de substratos históricos e lendários entre Edda poética e a Saga dos Volsungos, a partir do ciclo de Sigurd, pois, observando essas similaridades se tem conhecimento sobre essas narrativas produzidas na Islândia e suas diferenças, sobre o processo de cristianização da mesma, e sobre as tradições orais nórdicas, que remontam desde as migrações germânicas, sendo um conteúdo que pode ser amplamente estudado e discutido.

Palavras-Chave: Estudos Nórdicos; Literatura Islandesa; Islândia Medieval; Sagas Islandesas; Edda em verso.

 

 

6) "QUE TODO CRISTÃO VERDADEIRO, APRENDA E TENHA O OFÍCIO E O CONHECIMENTO PARA BEM MORRER": CATEGORIAS SOCIAIS E TIPOS DE MORTE NAS ARTES DE MORRER DO SÉCULO XV

Alisson Sonaglio (Universidade Federal do Paraná – UFPR)

Resumo As artes de morrer foram manuais que, produzidos em formato de livreto na primeira metade do século XV e com origem vinculada as localidades franco-germânicas, buscavam normatizar a devida preparação para o momento da morte. Para tanto, elas enfatizaram as práticas cristãs nas quais a boa morte esteve diretamente vinculada aos sacramentos e preceitos do Cristianismo Medieval. Nessa apresentação buscamos analisar as caracterizações atribuídas ao moribundo pelas artes de morrer, sobretudo para responder as seguintes questões: quem foi representado morrendo nas artes de morrer? É possível identificar alguma vinculação para com grupos sociais? Para quem tais orientações foram indicadas? Quais personagens foram postos em cena nas xilogravuras? A partir dessas questões é possível notar uma relação complexa estabelecida entre as esferas espiritual e temporal representadas pela morte do corpo e morte da alma, além de variações quanto ao seu público-alvo que mesclava menções a leigos e religiosos. Mais do que somente explicar seu surgimento e difusão como consequência de um período tido como funesto devido a Peste Negra, buscamos analisar a forma com que o discurso das artes de morrer, tanto textual como imagético, foi construído permeado de intencionalidades que ultrapassavam a fronteira do morrer e que nos fornecem indícios para refletir sobre as transformações que ocorreram ao longo da Baixa Idade Média.

Palavras-Chave: Artes de Morrer; Boa morte; Medievo; Cristianismo;

 

7) AUTORIDADE E DOUTRINA NA IMAGEM ROMÂNICA: O TÍMPANO DE VÉZELAY (SÉCULO XII)

Igor de Mattia Buogo Universidade do Extremo Sul Catarinense  Unidade Acadêmica de Humanidades, Ciências e Educação

 

Resumo: Durante os séculos XI e XII, as peregrinações cristalizaram-se de forma profícua por todo o Ocidente medieval, desenvolvendo-se redes de estradas cujos principais destinos levavam os viajantes à Roma, Santiago de Compostela e Jerusalém. Neste contexto, a basílica românica de Santa Maria Madalena, na região borgonhesa da França, foi construída, na primeira metade do século XII. Localizada na cidade de Vézelay, um importante ponto de peregrinação desde o século XI, o portal românico da basílica sustenta um tímpano central que converge para a centralidade na figura de Cristo e seus 12 apóstolos, circundados por um semicírculo constituído de indivíduos e grupos que exibem as mais diversas características; sobretudo, são variadas as tradições que influenciam os escultores, bem como são heterogêneos os sentidos atribuídos à imagem em pauta. Desse modo, esta comunicação intenta-se em apresentar as principais significações dadas por historiadores e historiadores da arte à imagem do tímpano, vinculando-a – como é próprio de uma pesquisa a partir das imagens e do imaginário – a conjunturas e realidades sociais, políticas e culturais da Idade Média entre os séculos X, XI e XII, como as peregrinações, os conflitos locais que o monastério condimentou com poderes vizinhos, e as Cruzadas.

Palavras-Chave: Arte românica; Sociedade; Cultura; Imaginário; Iconografia.

 

8) A FIGURA AUTORAL CHRISTINE NO LIVRE DES FAITS D’ARMES ET DE CHEVALERIE: UMA FERRAMENTA DE ESCRITA DIDÁTICA?

Stephanie Sander - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Medievais Meridianum/UFSC. Bolsista CAPES.

Resumo: Conhecida atualmente sobre tudo por seu protagonismo em uma das mais conhecidas querelas literárias do medievo, Christine de Pizan (1365 – c. 1430) integra a lista dos principais intelectuais franceses de seu tempo. Ela possuía um estilo peculiar de escrita, era capaz de transmitir sua visão espiritual e intelectual, de maneira agradável e acessível, sem perder a persuasão de seus argumentos. Ao estudar sua obra, Sara Rodrigues de Sousa (2006) discute a presença de uma figura autoral dentro de alguns trabalhos de Pizan, que ela denomina Christine, que narra, protagoniza e diz ter composto os textos – diferente da autora enquanto personagem histórico. A fim de colaborar com os estudos relacionados à chamada escrita didática christiniana, esta comunicação propõe um exercício de análise de fonte, buscando identificar esta figura autoral em uma das obras mais conhecidas de Christine de Pizan em sua época, o manual de guerra Le Livre des faits d’armes et de chevalerie (1410), de modo a melhor compreender seu estilo de escrita.

Palavras-Chave: Christine de Pizan; Le Livre des faits d’armes et de chevalerie; escrita didática christiniana.


9) MICRO E MACROCOSMOS NA IMAGEM DO HOMEM ZODIACAL DO ATLAS CATALÃO DE CRESQUES ABRAHAM, 1375 

Aline Dias da Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina - Bianca Klein Schmitt, Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo: O homem zodiacal é uma imagem muito comum no decorrer do período medieval. Junto dessa imagem - mas não exclusivamente com ela -, a percepção de uma intrínseca relação entre um grande mundo e um pequeno mundo estava imersa, diluída no pensamento dessa época. No Atlas Catalão (1375), o homem zodiacal é inserido pelo judeu Cresques Abraham no segmento cosmológico do Atlas, logo no primeiro fólio. Assim como as demais representações do homem zodiacais representam uma relação de micro e macrocosmos, com a imagem já citada não é diferente. Contudo, pequenos detalhes encontrados no homem zodiacal de Cresques Abraham, articulados com o conjunto da fonte, apontam a especificidade do homem zodiacal do Atlas Catalão, a exemplo dos gestos de seus pés, mãos e olhos, de suas características corporais e de uma tradição da mística judaica presente na performática da imagem. Tais elementos são analisados metodologicamente por meio da iconologia, com suporte teórico de Erwin Panofsky, Aby Warburg e John Brian Harley. A partir desse pequeno contexto, propomos que o homem zodiacal de Cresques Abraham é um vetor entre o micro e macrocosmos, mas o mais importante: é uma representação, uma performance que deixa a marca da presença da cultura judaica ibérica através do Atlas Catalão.

Palavras-Chave: Atlas Catalão; Cresques Abraham; homem zodiacal; judaísmo; mística judaica.


10) DIANA E AS CAVALGADAS NOTURNAS: MAGIAS DE MALEFÍCIO SEGUNDO O CANON EPISCOPI NO SÉCULO X

Larissa de Freitas Lyth - UFPR

Resumo: Busca-se analisar a magia do ponto de vista dos clérigos do século X segundo o Canon Episcopi. O documento faz parte de uma coleção canônica compilada por Regino de Prüm por volta do ano 906 d.C. e era destinado aos bispos do período. Desde o reinado de Clóvis (481-511) houve certa aproximação entre a Igreja Romana e o Reino Franco; com a ascensão de Luís, o Piedoso (814-840) dá-se uma nova etapa de relações entre a Igreja e o Império Carolíngio, devido à crescente influência do episcopado. A morte de Carlos, o Gordo (839-888) deu início à dinastia otoniana, que deu continuidade à relação entre o Império e o episcopado. Busca-se analisar a razão da existência de documentos como o Canon Episcopi durante o século X tendo em mente a complexa relação entre a Igreja Romana – em particular os bispos – e o cenário de desagregação do Império Carolíngio, bem como a visão dos clérigos medievais a respeito das práticas apresentadas no mesmo. Analisam-se, também, outros elementos presentes no documento e que fazem parte de um contexto mais amplo do imaginário medieval, a exemplo das cavalgadas noturnas e do culto à Diana.

Palavras-Chave: Direito Canônico


11) IUS ROMANUS E A LEGITIMIDADE RÉGIA VISIGODA: AS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS ROMANAS NO BREVIÁRIO DE ALARICO

Lucas Otavio Boamorte - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)


Resumo: Com a queda do Império Romano do Ocidente, as tribos germânicas fortaleceram seus próprios institutos jurídicos, seus métodos de resolução de conflitos eram informais, todavia, a mescla da cultura romana com a germânica resultou na positivação dos institutos jurídicos germânicos de acordo com os moldes da codificação romana. Giordani (1970) evidencia que os chefes bárbaros compreenderam a necessidade de uma institucionalização da nova ordem que eles criavam nas antigas províncias romanas, através de um sistema de direito, que assegurasse o predomínio de certos valores éticos indispensáveis à manutenção da vida política e ao controle da conduta dos indivíduos agravada pelos problemas de inter-relacionamento de germanos e romanos. Renan Frighetto (2006) reforça essa perspectiva, para ele “essa ideia demonstra a intensa relação entre romanos e germanos, apresentada igualmente por Tácito, do ponto de vista político e cultural nas regiões limítrofes do Império Romano. Por outro lado, seguindo as observações legadas pelas fontes tardo-antigas, essa perspectiva seria compartilhada pelos líderes clânicos de origem germânica, interessados na aproximação ao ideal político e civilizacional greco-latino que os incluiria como integrantes e participantes daquela tradição” (FRIGHETTO, 2006, p.167). Uma vez estabelecidos e com alinhamentos às instituições romanas, os visigodos tornaram-se, em certa medida, transmissores do legado romano, como é visto nas compilações jurídicas visigodas, a Lex Romana Visigothorum ou Breviário de Alarico. Além disso, como destaca Frighetto (2006), os visigodos apareceram comparados aos próprios romanos, visto que desfrutaram do mesmo legado político-institucional daqueles, são detentores da monarquia clássica e do seu exercício sobre um reino espacialmente definido.

Palavras-Chave: Direito; Antiguidade; Romanos; Visigodos.

Apresentação de Comunicações Orais 3

História Antiga e Medieval e usos do passado

18 de Outubro, Sexta, das 08:00 ás 12:00

Local: S-214

Coordenação: Prof. Me. Ivan Vieira Neto

1) HISTÓRIA ANTIGA E MEDIEVAL NAS REFLEXÕES FOULCAULTIANAS ACERCA DO CRISTIANISMO: ALGUNS APONTAMENTOS

Rodrigo Diaz de Vivar y Soler e Miguel Alois Pitz e Silva

O cristianismo ocupa um lugar central dentro das pesquisas de Michel Foucault. Em seus cursos no Collège de France, a partir da década de 70, o autor investiga as articulações entre o cristianismo como forma de governo, produção de subjetividade e de verdade. Essa pesquisa busca, a partir do pensamento foucaultiano e de seus interlocutores, analisar como e em torno de quais condições o exercício do Poder Pastoral foi responsável pela criação de uma modalidade de subjetividade articulada as estratégias de saber e de poder. O projeto, financiado pelo edital de incentivo a pesquisa PIPe/art.170, parte de uma proposta interdisciplinar que busca articular os saberes da Psicologia, da História e da Filosofia. Assim, a pesquisa vincula-se ao Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais – LABEAM, dentro da linha de pesquisa “Identidades, cultura e representações na antiguidade e no medievo”, linha que busca tensionar as diferentes formas de constituição de vínculos identitários a partir de distintos momentos históricos e suas ressonâncias na atualidade. O projeto também está relacionado ao grupo de estudos Biopolítica, Processos de Subjetivação e Modos de Vida na Contemporaneidade, grupo de estudos associado ao Departamento de Psicologia. Nesta comunicação, nos propomos a discutir de que maneira a história antiga e medieval se insere nas análises foucaultianas. Em seus estudos sobre governamentalidade e a gênese do Estado moderno, Foucault se depara com a necessidade de estudar a maneira com o cristianismo exerce o poder pastoral, provocando assim um deslocamento em seus estudos em direção à maneira como o poder pastoral se consolidou enquanto estratégia de governo no ocidente. Esse deslocamento, que o leva a análise de textos antigos e do medievo, se aprofunda à medida que o filósofo entra em seus estudos sobre ética e processos de subjetivação. Dessa maneira, esse resumo propõe-se a apontar alguns questionamentos sobre os usos foucaultianos da história antiga e medieval e do cristianismo.

Palavras-chave: Michel Foucault; Cristianismo, Poder Pastoral, Subjetividade, História Antiga e Medieval

 

2) APRENSENTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DE IDENTIDADES ANTIGAS: CELTAS NO METAL EXTREMO  

Eduardo Kirchhof   Universidade Federal de Santa Catarina   Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq


Resumo: Entre 58 e 52 a.C., Julio César invade e ataca o território conhecido como Gália, ocupado por diferentes tribos de populações chamadas celtas. Com o avançar dos conflitos, César escreve suas memórias e interpretações sobre os acontecimentos, os povos e as respectivas batalhas travadas contra estes, organizando um importantíssimo documento sobre os gauleses, belgas, bretões, aquitanos e outros, chamado Commentarii de Bello Gallico. Os escritos de César, por menos parciais que sejam, são ainda hoje uma valiosa fonte para entender quem essas populações eram, assim como diversos aspectos de suas vidas, sendo estudados por muitos ainda hoje. Em 2012, a banda suíça Eluveitie, lança seu quinto álbum de estúdio, Helvetios, no qual narra sua perspectiva sobre os acontecimentos narrados por César, como uma forma de ponto de vista celta sobre as guerras na Gália. O álbum é construído de tal forma a colocar narrador e ouvinte em meio aos conflitos, lado a lado com os guerreiros celtas frente ao invasor romano, dando enfoque especial às populações helvécias, do platô suíço. O atual projeto pretende compreender como os músicos construíram sua percepção de identidade celta, helvécia e gaulesa, no álbum supracitado, dialogando com os escritos de Júlio César como fonte secundária, assim como Stuart Hall, Jan Assmann e Peter Burke para o debate historiográfico. Pensando não somente como, mas, por fim, quem são os celtas para a banda e porque é importante levantar esta identidade hoje.

Palavras-Chave: Celtas; Helvécios; Gauleses; Identidade; Música.


3) DO DIABO MEDIEVAL AO SATÃ ROMÂNTICO: REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE SATANISMO

Ma. Rafaela Arienti Barbieri. Universidade Federal de Santa Catarina. CNPq


Resumo: a presente comunicação objetiva problematizar a reavaliação feita pelo denominado Satanismo Romântico, um movimento intelectual literário de fins do século XVIII e início do XIX que, segundo Ruben Van Luijk (2013; 2016), Per Faxneld (2013), James R. Lewis (2016), Jesper Aagaard Petersen (2016) e Asbjørn Dyrendal (2016), apreende Satã de uma forma positiva e influencia o desenvolvimento do Satanismo Moderno. A reflexão dos autores permite pensar o conceito de Satanismo enquanto uma invenção cristã, uma tradição inventada no sentido proposto por Eric Hobsbawm (1983), na medida em sua emergência está diretamente vinculada ao conceito de Diabo veiculada pelo Cristianismo e que também adquire forma durante o período Medieval. Para Luijk, inspirados por tais ideias e pelo anjo caído de John Milton em Paraíso Perdido (1667), um grupo de artistas e escritores associados ao editor Joseph Johnson propuseram uma leitura radical de Satã não mais como uma figura de medo, mas de identificação. Tal reflexão auxilia na compreensão dos processos que conduzem a edificação da Church of Satan em 1966 nos Estados Unidos e das posteriores ramificações do Satanismo, caminhando para grupos mais atuais como o The Satanic Temple, fundado por Lucien Greaves em 2013 e que lançou em 2019 o documentário Hail Satan?. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho é refletir sobre a transformação da percepção do Diabo do período Medieval, o qual ganha espaço e poder frente às inquietações e rivalidades religiosas, tensões políticas e má colheita, como argumentam Robert Muchembled (2001), Carlos Roberto Nogueira (2002), Jérôme Baschet (2006) e Luther Link (1998), em direção à posterior reavaliação de Satã feita pelo Satanismo Romântico.

Palavras-Chave: História; Satanismo; História das Religiões.


4) MARIA MADALENA NO CINEMA: OLHARES DO PRESENTE SOBRE AS MULHERES NA ANTIGUIDADE  

Talita Von Gilsa, mestranda em História na UDESC, bolsista PROMOP/UDESC


Resumo: O campo do cinema religioso conta com inúmeros filmes em que Maria Madalena, presença forte no imaginário ocidental, é personagem secundária, uma mulher arrependida que seguia Jesus, estando constantemente ligada à ideia de prostituição, vivendo assim, uma vida de penitência. Rompendo com algumas destas características, é lançado pelo cinema hollywoodiano, no ano de 2018, a biografia Maria Madalena (Universal Pictures), que reapresenta sua história, desatrelando-a da ideia de prostituição, e conferindo-lhe autonomia de pensamento ao considerá-la a apóstola mais importante para Jesus Cristo. Baseado em evangelhos apócrifos e gnósticos, o filme representa as discussões sobre protagonismo feminino que verificamos na sociedade atual, a importância de contar as histórias das mulheres e discutir seus enfrentamentos ao patriarcado e à misoginia. Diante disso, faz-se necessário analisar essa mudança de perspectiva em relação à personagem, que também é influenciada pela postura da própria Igreja Católica, ao considerá-la “Apóstola dos Apóstolos”. A comunicação visa abordar aspectos do filme que são significativos para pensar as mulheres na Palestina Antiga; refletir sobre como o filme constrói a personagem Maria Madalena e as demais à sua volta, quais são seus êxitos e limites; e entender os diálogos do filme com as discussões sobre representatividade feminina do presente.

Palavras-Chave: Maria Madalena; cinema religioso; representatividade feminina; Protagonismo Feminino; História.

 

5) BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE “The Galdrabók: An Icelandic Book of Magic”  

Amanda Correia Ronchi - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

Resumo: Ao longo do período conhecido por later medieval and early modern Iceland, a tradição e transmissão de ideias nos transporta ao século XX, quando este tomo de magia será pela primeira vez organizado e publicado como "The Galdrabók”. Nele é possível encontrar diversos círculos mágicos, encantamentos para evitar insônia e dores de cabeça, maneiras de encontrar ladrões, e também saber qual dia do ano será o menos auspicioso. O conteúdo testemunhado nessas páginas nos apresenta a presença, não só da cultura escandinava, mas de outras como a egípcia, suméria e principalmente a judaico-cristã. Assim, esta comunicação traz como fonte de análise a segunda edição desse grimório, organizada pelo Professor Ph.D. Sthepen E. Flowers (2005), traduzida pela primeira vez para a língua inglesa. Através da colaboração de outros estudiosos da área, encontramos mais do que o tomo em si traduzido, mas uma variedade de apêndices e materiais complementares para auxiliar a compreensão histórica e as múltiplas conexões que esse texto conduz. Nesse contexto, a proposta deste trabalho visa a apresentação da fonte e de algumas possibilidades de análise através da diversidade de referências culturais nela presente.

Palavras-Chave: Magia; Encantamentos; Grimório; Cultura Escandinava.

 

6) HISTÓRIA ANTIGA E USOS DO PASSADO NAS NARRATIVAS CINEMATOGRÁFICAS: UMA ANÁLISE DO PAPEL DOS DRUÍDAS NA SÉRIE ANGLO-ESTADUNIDENSE "BRITANNIA" (SKY/AMAZON, 2017-2018).

Vitor Moretto Koch - Bolsista PIBIC/EM - ETEVI/FURB


Resumo: Britannia é uma série anglo-estadunidense do gênero fantasia histórica, produzida pelas empresas Amazon Studios, Film United, Neal Street Productions, Sky e Vertigo Films e distribuída em formato streaming para televisão e internet pelas empresas: Amazon e a própria Sky. O artigo em questão apresenta os resultados de uma pesquisa que se insere no conjunto do debate envolvendo a relação entre História e Cinema, Televisão e Séries de Televisão. A metodologia utilizada foi uma combinação entre a análise fílmica proposta por Manuela Penafria e a Análise de Conteúdo sugerida por Laurence Bardin, que visa, dentre outras coisas, o descobrimento de categorias e padrões em um conjunto discursivo específico. Considerando isso, e em diálogo com a literatura específica da área, o objetivo foi analisar o referido produto audiovisual de modo a compreender como sua narrativa representa a “Britannia” de um período específico, concentrando-se, sobretudo, no papel desempenhado pelos druidas, tentando identificar quais os possíveis aspectos políticos, éticos e identitários que estariam por trás das escolhas que motivaram as representações de tais personagens.

Palavras-Chave: História Antiga; Cinema; Druidas; Celtas; Britannia

7) PERCEPÇÕES DO GRAAL: COMPARANDO SIMBOLISMOS E ALEGORIAS ETRE A DEMANDA DO SANTO GRAAL PORTUGUESA (SÉC. XIII) E INDIANA JONES E A ÚLTIMA CRUZADA

Eriksen Amaral de Sousa PPGICH/UEA

Resumo: Cabe a esta proposta evidenciar comparações entre as representações simbólicas do Graal, como também do Herói e sua jornada, em duas fontes documentais distintas: A Demanda do Santo Graal, manuscrito composto por um conjunto de compilações redigidas entre os séculos XIII e XIV em língua galaico-portuguesa e que teve grande circulação na Península Ibérica; e a produção cinematográfica de Indiana Jones e a Última Cruzada, estrelada por Harison Ford e dirigida e produzida por Steven Spielberg e George Lucas, respectivamente. Nosso objetivo é analisar, de forma a desconstruir, num contexto interdisciplinar interartes, com uma visão crítica, as representações do Herói e de sua Jornada através de episódios decorridos em cada obra, buscando-se perceber divergências e similaridades e que formulam parcela preponderante das percepções de homens e mulheres contemporâneos de cada obra.

Palavras-Chave: Jornada do Herói; História Comparada; Literatura Medieval; Representações.
 

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